terça-feira, 8 de junho de 2010

Capítulo 3(Final)



A cada dia tudo piorava,a cada amanhecer aquilo que me perturbava crescia um pouquinho.Eu tive a prova naquele treino que realmente estava apaixonado por ele,agora não havia saída.Ceder ou resistir?Pensando bem ,nenhuma das alternativas,não possuía forças pra qualquer coisa,estava confuso,precisando de um ombro amigo.Mas quem me entenderia?Nem o Renato continuaria sendo meu amigo se eu contasse que me transformei num viadinho.´"Renato,preciso te falar uma coisa:Estou apaixonado pelo Lucas!".Sairia no minímo com um nariz quebrado.Minha carreira de lutador estaria completamente arruinada,minha família me odiaria,meu pai me odiaria,meus amigos me abandonariam e quem ficaria do meu lado?Um hetero?Mas como um rapaz hetero encararia outro daquela forma?Tenho a convicção que ele sentiu o mesmo que eu,aliás seu olhar foi propositalmente,foi dele a iniciativa.As ruas iluminadas passavam velozmente,com suas buzinas,vozes e ocupações.Não sabia onde ir,queria ficar só,pensar um pouco,tirar de mim a sufocante dúvida que não me deixava respirar.
Sempre apreciei o mar,desde criança gostava,talvez seja por meu irmão ter sido um grande surfista.Ele amava as ondas e todo o fim de semana batia no meu quarto bem cedinho.- E aí moleque,vamos ver o mar?Perguntava sem me deixar escolhas.Já sabia onde ir.Peguei a estrada leste e fui em direção ao litoral.A orla da minha cidade era maravilhosa,tanto de dia como a noite você se impressionava com a beleza das praias .Com hotéis onipotentes não muito altos á poucos metros de distância da praia.Pessoas que caminhavam e corriam distraidamente,sem pensar em problemas ou compromissos.Os ventos e o barulho das ondas traziam paz,relaxava.Eram quatro praias grudadinhas uma na outra,Pajuçara,Jatiúca ,Ponta Verde e um pouco mais a frente a de Cruz das Almas,meu irmão adorava todas,mas surfava na última, tinha ondas maiores e era o point dos surfistas.Estacionei perto de um barraca de comidas tipícas,a lua servia como um holofote para aquele mar maravilhoso,tudo ficava prateado e no céu não se via um estrela,negro e elegante era o céu de Maceió.Tirei os sapatos e inspirei o ar que vinha em minha direção,afoguei meus pés na areia,sentindo cada grão caminhei e há poucos metros de distâncias da borda do mar sentei.O barulho das ondas pareciam um sinfonia,afinada num ritmo suave e as vezes grave.Como eu queria que ele estivesse vivo agora.Por que partiu tão cedo e tão dolorosamente?Me abandonou,prometeu cuidar de mim pra sempre,mas um mortal não poderia cumprir tal promessa.Ficou doente tão rápido,mas mesmo assim pegava sua prancha escondido e só chegava no outro dia,por mais que papai e mamãe reclamassem a única resposta ouvida era:"Cada vez que surfo,me sinto mais forte,o mar cura e me purifica.Estou pronto pra o que vier."Dava um sorriso e saía sem mais palavras.Com certeza ele era um ser humano sublime,único e especial,pra mim mais que qualquer outro.Lembro-me das brigas que meu pai tinha com Mateus,em uma delas empurrei a porta do quarto e gritei com lágrimas nos olhos:"Você só está piorando as coisas,eles precisa da nossa ajuda,não dos seus sermãos,por que maltrata tanto ele?Por que?Correndo me abraçou e disse:"Vai ficar tudo bem!"As suas palavras me deixavam seguro.Quando eu tinha 13 anos de idade,meu irmão começou a dormir fora de casa,sempre estava saindo,acabara de completar 18 anos e começava a faculdade,meu pai se preocupava achando que essas saídas exageradas prejudicariam seus estudos.Mas mesmo preocupado,não brigava,apenas alertava.Até que um dia ele saiu sem avisar,não falou nada e depois de duas horas voltou,estava um pouco bêbado,com olhos inchados e vermelhos,foi ali que vi pela primeira vez o meu pai chorar.
-Pai o que foi que aconteceu?Levantei do sofá,olhando assustado aquela lamentável cena.
-Não pode ser,não acredito,isso não é verdade.Ele murmurava em meio as lágrimas.Minha mãe chegando da cozinha,após avista-lo correu e segurou seu rosto.
-Carlos,o que houve?Por que você bebeu?Fala pra mim por favor,você foi assaltado, onde estava até essa hora?Sem encara-la respondeu bem baixinho,só consegui ouvir o nome do meu irmão.Minha mãe ficou pálida,estava horrorizada com o que papai acabara de falar.
-O que aconteceu com meu irmão,fala pai,por que você está assim mãe.Comecei a pensar no pior,será que tinha sofreu um acidente?Minha mãe sem saber o que falar respondeu: -Calma filho está tudo bem com seu irmão,seu pai apenas bebeu demais.Vamos Carlos,vá tomar um banho e mudar essas roupas,daqui a pouco irei pra o quarto e conversamos.
-Mas ouvi o nome do Mateus.A senhora está me escondendo alguma coisa.Já estava a beira do desespero,até que papai falou em alto e bom tom:
-Não disse o nome do Mateus,contei pra sua mãe que estava num bar com meus amigos de trabalho.Matias,foi o nome que você ouviu,um dos que trabalham comigo no escritório.
-Mas porque o senhor está chorando?Respondi com medo da resposta,meu pai não era de demonstrar sentimentalismo,tanto que nunca vi um lágrima do seu rosto,mal sabia eu que veria mais vezes aqueles olhos profundos e verdes chorarem.
- Estou emocionado,no bar conversamos sobre nossas vidas,nossa infância e me emocionei,foi isso.Agora vá pra o seu quarto e se quiser espere seu irmão chegar já que não acredita em mim.Vai ver como ele está bem e muito bem.Senti uma ponta de ironia da sua parte,mas me convenci.Dei Boa noite e fui me deitar,mas não dormir,esperei Mateus chegar pra ver com meus próprios olhos.Eram 3 da manhã quando ouvi o barulho do seu carro.Sai correndo pelas escadas,ele se assustou ao me ver na porta.Ele estava usando um jaqueta de couro preta,sobre a camisa listrada.Seus cabelos escuros,lisos e curtos estavam um pouco assanhados,mas continuavam com o mesmo charme.Olhou-me com aquele rosto bronzeado e os olhos castanhos.Tinha um metro e setenta e oito,boa aparência e lábios bem vermelhos como maçãs.
-Opa guri acordado essa hora?
-Está tudo bem com você?Perguntei,sem mostrar preocupação.
-Por que não estaria?Ele respondeu rindo e tirando um embrulho do bolso.
-O que é isso?Perguntei não segurando a curiosidade.
-Comprei pra você!Abriu o envelope que parecia ser muito frágil e tirou um correntinha de prata.Era sútil e muito bela,um pingente em forma de prancha de surfe balançava abobadamente sobre a mesma.
-Nossa é muito lindo!É sério que é pra mim?Fiquei tão feliz que o esqueci a preocupação,coloquei no pescoço aquela frágil correntinha que se aconchegou no meu como se fosse feita exatamente pra mim.
- Tenho uma também,é um símbolo da nossa irmandade e amizade ok?Abriu a camiseta e pude ver a mesma corrente,sendo que um pouco mais grossa.Passou a mão nos meu cabelos e disse:- Agora vá dormir,que amanhã você tem colégio.Mas antes me responde uma coisa.Por que você me perguntou se estava tudo bem comigo?
- Por nada.É que papai chegou um pouco bêbado em casa e achei que tinha acontecido algo,como você estava fora,achei que...
-Achou que eu tinha morrido?Completou rindo.
-Não..não.
-Estou brincando moleque.Obrigado pela preocupação,mas estou ótimo.Mas que estranho o papai ficar bêbado.Ele parou,como se pescasse alguma coisa da mente,mas desistindo de pensar ,pôs os braços sobre meus ombros e me acompanhou até o quarto.
- Até amanhã guri!
-Até maninho, e obrigado pela corrente.Respondi ficando vermelho.Ele deu piscadela e foi dormir.
Depois daquele dia tudo mudou em casa.Meu pai ficou estranho e mamãe sempre entrava no quarto pra conversar com Mateus.Nunca soube o conteúdo das conversas e quando indagava alguém sobre o assunto todos me diziam que era uma simples conversa de pais para e filho.Simples preocupações.Mas no fundo eu sabia que não era verdade,mas nem meu irmão me contava nada,respondia da mesma forma quando eu perguntava.Seis meses se passaram e a situação ficou insuportável,tanto que meu irmão saiu de casa.Papai já não lhe dirigia a palavra e peguei minha mãe muitas vezes chorando,sem saber o que fazer.Foi muito duro ver Mateus saindo de casa,pedi-lhe que não me abandonasse,mas ele me respondeu que era apenas por alguns meses e que logo estaria de volta.Ele voltou um ano depois,durante o tempo que estava ausente me visitava quando papai estava no trabalho.Passou a morar conosco denovo e tudo aos poucos voltava ao normal,apresentou-nos sua namorada;uma garota loira,com olhos bem escuros e sobrancelhas delicadas,seu andar tinha graça,parecia um garça desfilando,era realmente linda.Papai aos poucos voltara a lhe dirigir a palavra,e mamãe sorria mais frequentemente.Mas a alegria durou pouco,depois de alguns meses Mateus ficou doente,uma anemia muito grave consumia-o aos poucos.Passaram-se alguns dias e ele morreu.Foi um choque pra todos,principalmente pra mim,minha vontade era ser enterrado junto,achei que nunca mais seria feliz.Papai entrou em depressão,não comia,mal dormia,sempre repetia que a culpa disso tudo ter acontecido era dele.Ninguém era culpado por doença nenhuma,mas ele não se consolava e depois da morte de Mateus,passou mais tempo fora de casa e isso acabou me afastando um pouco dele.Foi assim rodeado de lembranças que esqueci meus problemas.Acendi um cigarro e fumei observando a lua.- Onde ele estar agora?Perguntei pra mim mesmo.Não sabia.Mas sentia-o comigo,me observando e cuidando de mim.
Uma voz familiar soa atrás de mim.-Ricardo!Virei-me e avistei Mônica,segurava um bolsa vermelha e segurava os saltos na mão.
-Tentei ligar pra o seu culalar,mas só dá na caixa postal.Disse abraçando-me.
-Acho que descarregou,nem reparei.Mas como você me achou aqui?
-Liguei pra o Renato,ele me disse que você saiu do treino chateado.Não sabia onde você estaria,mas me indicou a praia.
- Ele me conhece como a palma da mão.Respondi,lembrando da sua cara confusa ao me ver deixando o treino.
-Graças a Deus te achei,estava tão preocupada.O que houve?Por que saiu do treino sem avisar nada?
-Fiquei chateado,queria ficar só e vim pra cá.A visita ao mar me fizera tão bem que a raiva havia passado completamente.Fui imaturo ao sair daquele jeito,precisava concertar as coisas.Mas não hoje nem agora.
-Vamos pra casa?Quer ir pra minha ou te deixo na sua?
-Vamos pra sua casa,quero ficar com você e lá me explique melhor como tudo aconteceu.
-Ok!Respondi sorrindo.Nos beijamos e fomos embora.A lua dormia sobre as nuvens,meus pensamentos dormiam junto com ela,mas a paixão ainda queimava viva dentro de mim.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Capitulo 3 (part 2)

HON KESA GATAME

Depois do almoço passei o resto do dia no quarto,confesso que um pouco ansioso pelo treino;faltavam apenas duas semanas para o Torneio Estadual.Precisava estar concentrado e focar no meu objetivo:Vencer!Fiquei na cama,perdido em meio inúmeros pensamentos,coloquei meu fone de ouvido e a cada música que tocava sonhos de algo ainda não concretizado me visitavam.Me vi em pé aplaudido,o meu pai emocionado e sorrindo,meu professor apertando-me a mão.Uma linda visão,a visão da vitória que eu tanto almejava;nada de preocupações só felicidade e vitória.De repente fui levado a universidade,faziam duas semanas que aquele novato não dava as caras,envergonhado com a derrota decidiu mudar de Universidade,diziam até que havia se mudado pra outro estado.A carteira que o garoto ocupava estava vazia,fria e melancólica;não havia mais ninguém pra me perturbar,voltei ao que era.Mas sentia um vazio,um coisa que doía lá dentro,que fazia a garganta secar e o peito ficar quente.Saudade...isso que me restava,depois de derrota-lo me sobreveio a saudade daquele estranho, que fez parte da minha vida sem saber.Onde ele estaria?Quem o estaria consolando naquele momento?Alguém além de mim sentia sua falta?Acordei daquelas visões perturbadoras,larguei o ipod pra o lado,e gritei com toda a minha força.Não tinha ninguém em casa,mamãe tinha ido ao cabeleireiro,e meu pai e Rita estavam trabalhando.Só eu e o meu desabafo.Não queria chorar e nem iria chorar,não por um homem.Esmurrei a porta e encostando cabeça na porta lamentei,sem lágrimas,mas com uma dor que era muito pior;agora eu desejava chorar,isso me aliviaria,mas o que vinham eram imagens,ele sorrindo pra mim,sua voz grossa e firme me oferecendo ajuda,suas mãos perfeitas sobre o volante e aqueles olhos claros que investigavam minha alma.Deitei-me na cama ,embalado pelas recordações daquela ida ao posto adormeci.
Faltavam apenas alguns minutos pra o inicio do treino quando acordei e graças a minha mãe que derrubou uma panela na cozinha.Vesti um camisa limpa,Arrumei o Quimono na mochila,coloquei duas barras de cereais junto com a tolha e fui correndo pra o carro.
-Se for dormir fora ligue pra avisar.Deus te abençoe!Estava tão apressado que nem deu tempo de falar com Dona Lúcia,quando ouvi essas palavras já estava saindo da garagem.Por um milagre cheguei a tempo,o treino dos menores ainda não havia acabado.As crianças começavam as 16:30 e terminavam as 18:00 ,o nosso era das 18:15 á 20:00,tinha quinze minutos pra por o Quimono e me apresentar ao professor.Entrei no banheiro apressado,dentro um garoto molhava as mãos na pia e passava no cabelo.
-Opa cara tudo bem?
-E aí Troy,a galera toda já está ai?Perguntei.Troy era um garoto de 17 anos,um pouco baixo e cabelos crespos que ele sempre fazia questão de humedecer pra ficar com a aparência de lisos;tinha uma força avantajada pra sua idade e era um dos alunos mais esforçados.
-Estão sim,tem um lutador novo.Falou enquanto pela milésima vez molhava o cabelo.
-Há eu já conheço,ele estava aqui no treino passado.Mas você faltou e não viu.-Ele é bom?Perguntou ele,enxugando as mãos no Quimono.- Quero dizer,um faixa preta sempre é bom,mas tipo....é melhor que você?
-Sou meio suspeito pra falar ,não sei,acho que só saberei se for pra final com ele.Disse enquanto terminava de por a roupa e amparar a faixa .- Vamos?Saímos do banheiro,e me apresentei ao Beto:O professor.Estavam lá,Victor o que apelidávamos de Rock por ser fissurado nos filmes do Rocky Balboa.Felipe,o mais novo da turma com apenas 15 anos;Jorginho,chamavam-o assim por ser muito alto;E o meu grupo preferido:Douglas,Troy,Ronald,João Carlos e Renato(da faculdade).Erámos grandes amigos,as únicas pessoas que eu realmente confiava,conheci todos através do Judô,menos o Renato.
-Olha quem chegou!O Mister Universo.Gritou Ronald assim que me avistou.
-O grande favorito,depois de mim é claro.Disse João,apertando minha mão e me dando um abraço.Estava tão distraído que nem percebi a presença de Lucas.Estava sentado um pouco mais afastado,com um livro em ambas a mão na altura dos olhos e uma mochila encostada do seu lado.Já estava vestido,e parecia não notar qualquer movimentação.Não parecia nem estar ali,pra ser mais claro.
-Espera um minuto galera vou falar com o cara ali.Disse,me afastando do grupo que me olhava curioso.Me aproximei,ele nem percebeu.Não pude ver o título do livro,era um pouco velho e gasto,com folhas amareladas.
-História das Artes Marciais?Perguntei interessado.Ele levantou os olhos e sorriu com entusiasmo.- Não,não, é um livro de literatura,as vezes gosto de sair um pouco da rotina e ler sobre coisas que não entendo muito bem sabe?Afinal,ler sobre o que já conhece é encher um copo já cheio.Guardou o livro na bolsa e apertou minha mão.
-Como vai?
-Ótimo e você?Perguntei.Ele hesitou e respondeu:Acho que vou bem!
-Então perfeito!Ficamos parados sem saber o que falar quando fomos salvos por Beto.
-Aquecendo pessoal...começando com corrida.Disse o professor.- Ricardo,concentração hoje ok?Você também Lucas!Vamos lá!Olhamos um pra o outro e rimos;entramos no tatame fizemos a reverência ao mestre e começamos a correr(Antes de entrar no tatame tínhamos que fazer uma reverência,e logo depois fazíamos ao professor,que correspondia do mesmo jeito.Era um forma de mostrar respeito ao local de treino e seu treinador).Não tinha a miníma intenção de ser amigo de Lucas,só fui educado e simpático.Pelo menos era assim que pensava.Ficar mais próximo dele só pioraria as coisas.Tentava me convencer de que fui apenas anfitrião e nada mais.
O treino seguiu com muito suor e exaustão,depois de todos os exercícios de aquecimento e amortecimento,fomos ao solo.Geralmente escolhíamos nosso par,mas o professor tinha outros planos.
- Hoje eu escolho os pares...Troy com Rock,João e Felipe,Jorginho e Douglas,Ronald e Renato,Ricardo e Lucas.Tudo certo?Acho que não falta ninguém!Podem começar.Nos espalhamos ,cada com seu oponente;nas arquibancadas pude ver algumas pessoas,umas até conhecidas,pais de alunos da turma infantil que queriam ver algo mais profissional,curiosos e ex-esportistas.Tudo ficava mais interessante com platéia.O Beto se encontrava atento á todos,mas pude ver que o seu olhar se concentrava mais em mim e em Lucas.Me ajoelhe junto com ele e começamos.Segurou com punhos de aço a gola do meu quimono,fiz o mesmo puxando-o pra baixo.Não olhava nos seus olhos ,só me concentrava em cada movimento que com força e destreza Lucas tentava realizar. Passaram-se dez minutos e nada de emocionante acontecia,o suor pingava do seu rosto,e seu peito descia e subia sincronizadamente e rapidamente.A fadiga já me consumia também,tinha dado duas entradas pra derruba-lo,porém sem resultados,querendo acabar logo com tudo puxei-o com toda a força pra baixo,ele caiu se apoiando nos braços,rapidamente coloquei minhas mãos entre as pernas dele pra imobiliza-lo,mas em frações de segundos,suas pernas se viraram me deixando sem equilíbrio.Colocou seu braço sobre o meu pescoço,com a outra mão puxou-me o braço,e apoiou suas costas no meu peito,ficando com o rosto bem proxímo ao meu.Pronto.Fui imobilizado com um HON KESA GATAME,uma técnica super simples que aprendíamos na primeira aula de judô.Tentava em vão me livrar do seu corpo,o peso dele não me deixava opção nenhuma de saída,seus olhos me encaravam,seu rosto estava vermelho de calor,inspirava rapidamente.Senti o coração dele que batia em ritmo acelerado,senti raiva,todos estavam vendo o campeão estadual sem chances de se defender,se fosse uma competição ele teria vencido.Sua boca,meio aberta,com seus dentes brancos me chamavam,sentia vontade de beija-lo,ele me segurava com toda a força me olhando fixamente.Meu peito parecia que iria explodir,um ecstasy se apoderava de mim,me cobriu o corpo todo.A adrenalina estava a mil,parecia que milhões de fogos de artifícios queriam voar da minha cabeça.Eu retribui seu olhar.Tudo havia sumido,só nos dois estávamos ali,não tentava mais me livrar dele,queria ficar ali.Um grito da arquibacanda me trouxe de volta:
- Acaba logo com isso.Berrou um senhor de cabelos meio ralo,e óculos retangulares que estava lá encima em pé...vidrado na nossa luta.
Senti o ódio percorrer minhas veias.Bati com a mão no tatame sinalizando minha rendição.Seus braços se afrouxaram e levantando-se primeiro estendeu a mão pra me ajudar a levantar.Ignorei,e empurrando-o com raiva,saí.
-Pra onde você vai?Gritou o professor,que prestara atenção na luta e sabia o motivo da minha saída
-Não enche!Respondi enquanto pegava minha mochila.Todos haviam parado.Renato fez menção de levantar pra me seguir,mas desistiu.Sabia que não iria ajudar,todos sabiam do meu orgulho.Nada me impediria de sair dali.Ele não perde por esperar!Isso não vai ficar assim,pensa que pode vim aqui e me humilhar na frente dos meus amigos e do meu professor?Vou vence-lo no torneio pra todo mundo ver!
- Ei cara!O que houve?Lucas estava parado perto do retrovisor,com cara de que não entendia nada.Aquilo,me deixou mais zangado.
-Só tenho uma coisa pra te dizer beleza?Agora você tem um inimigo,vai se arrepender por ter me envergonhado!
-Envergonhado?Mas só fui uma luta,um exercício!Nada demais.Segurou a porta do carro,olhei com desprezo,liguei o carro e fui embora!
Um pouco mais afastado ainda vi sua silhueta ainda em pé no estacionamento.Mas não iria voltar,minha cabeça não raciocinava só tinha raiva,raiva e raiva!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Capitulo 3 - Faculdade(part 1)

CAPITULO 3

Era mais um dia comum,vizinhos passeando com cachorros,colocando o lixo pra fora,carros apressados,pessoas apressadas com seus compromissos.
Ir a faculdade era extremamente prazeroso pra mim,pelo menos quando não tinha nenhum trabalho chato pra apresentar ou algum projeto pra entregar,sentir a brisa da manhã,ver o dia começando,as árvores com suas folhas verdes se exibindo ,tudo estava perfeito.Nenhum pensamento me atormentava quando eu saia de casa e entrava no meu carro,ligava o ar,fechava as janelas,coloca meu CD de musica eletronica,nada podia me atingir ali dentro,me tornava um rei no meu domínio.Com uma sensação de poder e maturidade fui seguindo rumo ao meu palácio,lá estariam meus súditos e amigos,meus inimigos não podiam me tocar lá ,a faculdade era minha segunda e predileta casa.
Lá estava ele,sentado em sua moto,com seu óculos rayban,seus tênis all star a calça jeans surrada e os cabelos impecáveis,era a criatura que eu mais gostava.Renato e eu crescemos juntos e com 15 anos ele se mudou pra outro bairro,mas não perdemos contato um com o outro e nos encontramos novamente na faculdade,era um ótimo amigo,sempre de bom humor e com suas piadas sem graça.Pra ser sincero eu só o vi triste uma única vez.A morte do meu irmão foi tão dura,que Renato teve que se mudar e desde então ele nunca mais me visitou,ainda somos os melhores amigos,mas ele nunca mais conseguiu voltar ao bairro as lembranças ainda estão por todos os lados.
-Posso saber por que o senhor não apareceu ontem?Disse,apertando minha mão e tirando os óculos.
-Estava um pouco indisposto,sabe como é né?As garotas tiram meu sono.Caímos na gargalhada e entramos pelo portão principal rindo.
O pátio estava cheio,gente de todas as idades e por todos os lados,era muito bom está ali novamente,todos me respeitavam e me admiravam,eu só não sabia exatamente por quê.Mas não interessa,o que realmente importa é que gostam de mim e pronto.Mônica estava sentada com umas garotas do curso de Publicidade,com o cabelo amarrado,os óculos perfeitamente encaixados e as mãos apoiadas sobre as pernas.Logo me avistou e veio correndo, me abraçando disse:
- Já estava com saudades!Você estava esquisito quando me deixou em casa.
- Foi impressão sua gata.Só estava com um pouco de sono nada demais.Lembrei do carro branco e acabei pensando que talvez se eu visse o novato poderia tirar minhas dúvidas.Ela falou com Renato,se despediu de nós e voltou pra o grupo onde se encontrava.Continuei com o meu amigos e fomos pra sala de aula,estudávamos na mesma turma e ambos fazíamos o curso de Direito.Na verdade eu não gostava da ideia de ser advogado ou algo assim,mas pra o meu pai era muito importante eu ter o:Formado em direito,no currículo.Já o Renato desde pequeno foi interessado,afinal o sonho dele era se tornar um delegado,quando éramos crianças sempre bricavamos de policia e ladrão,ele era sempre o delegado e eu sempre o ladrão junto com meus capangas.
-Bom dia!Falou o professor interrompendo meus pensamentos.Colocou a pasta na mesa e foi em direção a porta,estava fechando a mesma quando uma mão a segurou.Lá estava ele,com o cabelos castanhos claros,seus olhos verdes,a mochila apoiada num ombro só e sua jaqueta jeans.Entrou e conversou com o professor em um tom que não consegui ouvir depois foi procurar uma cadeira pra se sentar.Todos os olhares femininos se viraram pra ele,cobiçando-o ,dava pra ver o desejo de beija-lo em casa rosto,sentou-se umas duas cadeiras a nossa frente ,virou-se pra mim e disse:
-E aí Rick.Animado pra o treino hoje?Fiquei mudo,aquilo só podia ser mais um pesadelo,agora ele estava na minha turma,e pior estava falando comigo como se fossemos amigos de longa data.Claro que o novato não sabia que eu o odiava ,por ser meu concorrente no Judô e por ter uma paixonete secreta.
-Perdeu a língua Rick.O cara tá falando com você.Disse Renato,dando um tapinha nas minhas costas.
-Ahh..to sim,muito animado,hoje é solo não é?Perguntei,fingido que estava apenas distraído com qualquer coisa.
-É sim,espero ser sua dupla,gosto de desafios.Sorriu e me fixou o olhar.E que sorriso.Era perfeito.
-Idem.Respondi sorrindo também.
Os Exercícios de solo eram aqueles que tínhamos que imobilizar o adversário,eram exercícios cansativos e que exigiam mais força do que técnica.Naquele momento vi que quando uma coisa esta ruim,ela pode piorar.Passei a aula inteira desconcentrado,primeiro pelo fato que as meninas não paravam de olhar pra trás, discretamente fingiam falar com alguém de trás só pra dar uma espiadinha no bonitão.Segundo por quê eu também não parava de olhar pra ele,como estava de costas tudo ficava mais fácil e ninguém percebia nada.Não sabia se estava com ciúmes dele ou das garotas que tinham outro galã pra paquerar no meu lugar.Só sei que aquela situação me incomodava,mas eu precisava me acostumar e pior:ser agradável com o garoto.
Tocou o sinal que indicava fim das aulas,quase seis horas de tormento,não pelas matérias,mas pela a presença dele,que tanto me perturbava.Mal sabia eu que mais sofrimentos estavam prestes a chegar.Fui o primeiro a sair da sala,sai correndo e antes de atravessar a porta Renato me perguntou onde eu estava indo:
-Vou no banheiro,te espero lá no pátio.Gritei com tom normal,sem dar a entender que estava fugindo.Não queria me despedir dele,na verdade queria ser antipático,deixar bem claro que não quero e nem tenho a intenção de ser seu amigo.Sentei no pátio e conversei com umas garotas que estavam lá,todas amigas da Mônica,amigas fura-olho vamos dizer assim,pois estava explicito que queriam ficar comigo,quando ela chegou todas mudaram o assunto que antes era de como eu era bonito e interessante,e agora de aulas chatas e do campeonato de judô.Conversamos um pouco,lanchamos também e nem sinal do Renato.Nos despedimos com um beijo e ela foi embora com pai que iria leva-la ao dentista.Pequei o celular e liguei pra o Renato.
-E aí cara você vai hoje pra o treino?
-Vou sim Rick,to aqui com a Gabi,por isso não fui aí te encontrar sabe como é né?
-Sei sim.Bom...beleza te espero lá então!Não faço a minimia ideia de quem é Gabi,com certeza ele só falou o nome da garota pra dar uma ideia de que já tinha falado dela pra alguém.Entrei no carro e quando girei a chave ele não pegou.Tentei denovo e nada.Tentei umas quinze vezes e nem um sinal de vida.
-Deve ser a gasolina!Uma voz estranha falou.
-Não não é,eu coloquei ontem.Respondi e quando vi que voz falava comigo era ele:O novato.
-Denovo não!Pensei alto.
-Denovo não o que?Ele perguntou sem entender.
-A gasolina.Respondi mentindo
-Se quiser eu te levo lá e você compra...o posto fica a um dez quilómetros daqui,ir a pé não é nada agradavél.
-Mas não é gasolina.Eu lembro que....
Parei e pensei,eu não tinha colocado combustível,fiquei tão distraído com o carro branco que só comprei as pastilhas e esqueci de pedir ao frentista que colocasse que abastecesse o carro.E olhando o rapaz agora bem perto fiquei mais confuso ainda.Não sabia dizer se foi ou não ele que que estava dentro do gol branco.
-Vai ou não vai?Perguntou dentro do carro,sem ouvir o que eu tinha falado antes.
Entrei,ele fechou os vidros e ligou o ar.Tentei ficar o mais normal possível,não havia motivo pra ficar nervoso eu era hetero.E nada me tirava essa certeza.
-Mas me diz aí,há quanto tempo você treina?
-Desde os seis anos de idade.Respondi confiante.
-Nossa!Muito tempo mesmo.Graças a Deus treinamos no mesmo lugar,já pensou ter que te enfrentar?Ele riu com a ideia e olhou pra mim.
-Mas tudo indica que será nos dois na final do campeonato estadual.Eu tenho sido campeão todos os anos.E nunca vi você em nenhum torneio.Há quanto tempo você faz judô?
-Há cinco anos!Eu me mudei pra cá agora pouco.Eu morava na Argentina,mas nasci aqui no Brasil.Colocou a marcha e olhou no retrovisor atento.- Mas se tiver que lutar com você na final,melhor não usar certas técnicas que aprendi lá.Sorriu e completou - Técnicas secretas.
-Ah tá .Respondi.Secretas né?Ele esticou o braço e tirou do porta objeto uma foto.E me entregou.
-Olha esta era o lugar onde eu morava,esse senhor do meu lado é meu pai e senhora sorridente é minha mãe.Quando citou a mãe seu semblante mudou,ficou sombrio.
A foto parecia um quadro,o sol brilhava sobre o telhado da casa,um jardim na frente com algumas árvores e um balanço de pneu.O local parecia aconchegante,e as roupas de frio que ele usava da foto o deixava muito atraente.O pai parecia ter uns cinquenta anos,meio careca e o que restava de cabelo estava ficando grisalho.A mãe estava radiante,era linda,bem conservada.Os olhos bem claros,e o nariz pontudo,parecia uma rainha numa vida comum.
-Eu fui pra argentina quando tinha desesseis anos.Essa foto é de dois anos atrás.Eu tinha dezoito anos.Parece pouco tempo,mas dois anos é muita coisa pra se viver.Enquanto ele falava parecia ter saudades do passado,nem tão passado assim.
-Muito bonita sua família.Respondi meio sem saber o que dizer.
-Valeu.Ele sorriu,pegou a foto e guardou no bolso da jaqueta.
-E você mora com quem?Sempre morou aqui?Perguntou mudando de assunto e tirando o clima de tristeza que se apoderou do lugar.
-Ahh sim.Moro com meus pais e na mesma casa que nasci.Ele soltou uma exclamação de surpresa e me pediu pra continuar.
-Tenho uma irmã e tinha um irmão,mas ele faleceu há cinco anos atrás.Falei olhando pra rua,que passava como as águas de um rio.Constante e lentamente.
-Sinto muito.Deve ser péssimo perder alguém da familia.Disse ele,desviando o olhar pra uma velhinha que passeava com seu cachorro.
-Chegamos!!Disse ele,estacionando o carro.
Saí do carro e comprei a gasolina.Quando entrei ele já estava sem a jaqueta,usava uma regata preta que outrora se escondia por baixo da jaqueta.Seus ombros forte bem torneados estava expostos.Um corpo masculino nunca me atraiu,sempre desejei as curvas femininas,mas naquele estranho até um ombro se tornava interessante.
-Vamos nessa?Falei sentando e colocando a garrafa com gasolina no banco de trás.A volta foi sem muitas conversas,ele falou de como estava se sentindo bem-vindo tanto na cidade,como na faculdade e quando percebi já estava ao lado do meu carro.Agradeci pela carona e nos despedimos.
-Nos vemos mais tarde.E a propósito,me chamo Lucas e você?
-Ricardo!Respondi.-Prazer.Completei.
-O prazer é todo meu...até mais.Deu uma piscadela e saiu.
A caminho de casa,pensei em como era estranho tudo aquilo.Será que aquelas sensações que explodiam dentro de mim era paixão?Nunca me apaioxei por ninguém,não sabia o como era.Era um sensação boa e prazerosa a única coisa que me incomodava era o fato de ser um homem que estava despertando esses sentimentos!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

CAPITULO 2- Mais sentimentos

Acordei um pouco cansado,a noite não tinha sido nada fácil e os flashs do pesadelo viam a tona na minha memória.Meu quarto ficava no primeiro andar,junto com o da minha irmã Rita.Ela já era formada,tinha terminado o curso de psicologia e era uma ótima conselheira,nunca precisei dos seus conselhos e agora na hora que mais necessitava não podia pedir-lhe.
-O almoço tá pronto!Minha mãe gritou da cozinha.O aroma de macarrão encheu a casa.
Desci a escadas lentamente,minha irmã já estava sentada na mesa,com um livro do lado.Meu pai se servia de uma porção grande de macarronada,olhou pra mim com um olhar meio critico e voltou a sua atenção pra o purê de batatas.
-Sente-se Rick.Monica ligou pra cá avisando que estaria aqui ás 5 da tarde.
-Ah...ok!Disse sentando junto a mesa.Talvez Monica conseguisse suavizar um pouco minha tensão.Era um garota linda,parceira e sem frescuras,sempre disposta á uma boa noite de amor.Estávamos juntos há uns dois meses e ambos não queríamos compromisso.E estava ótimo assim.
-Meu filho tem passado muito tempo no computador?Meu pai perguntou falando de boca cheia.
Não Pai.Só estou com umas dificuldades pra dormir.Respondi.
-Dificuldade pra domrmir?Disse Rita.
-Mas você sempre dormiu bem e quando deitava virava uma pedra.Ninguém conseguia te acorda.Completou.
-É alguma preocupação?O Campeonato?perguntou meu pai olhando pra mim.
-Acho que sim!Respondi mentindo.
-Não se preocupe Rick,você já venceu torneios piores.Com certeza vai ganhar na final!
-É...Confirmei.
Minha irmã percebeu algo diferente,ela sempre notava quanod algo não era o que parecia.Olhou pra mim como se me estudasse,acho q fazia parte do curso de psicologia olhar as pessoas como um bicho extraordinário e esquisito.
-Se quiser conversar com alguém pode contar comigo.Ela disse baixinho,sem ninguém perceber.
-Ok.Respondi achando a sugestão tentadora.
-Mas não é nada,só o campeonato mesmo.Disse decidido.
O almoço foi rápido e sem mais perguntas,depois das palavras do meu pai fiquei mais tranquilo,com certeza eu venceria a competição e tudo voltaria ao que era antes.Mas ainda havia a chance dessa vitória não me ajudar em nada.Não tinha nenhuma garantia que o maldito novato sairia da faculdade caso fosse derrotado.Mas era a minha única esperança e precisava dela pra ficar tranquilo.Voltei ao meu quarto.Passei a tarde inteira lá,ansioso pelo encontro com Mônica,um mulher nessa situação era de grande utilidade,precisava me convencer mais do que já estava que mulher era minha praia.
As 14 horas Tomei banho,espetei os cabelos e coloquei meu melhor perfume.No espelho admirava meu corpo,totalmente livre de gorduras e sarado devido aos treinos pesados,com algumas cicatrizes de infância que não se percebia muito.Com 1.82 de altura não passava despercebido nos lugares e sempre era paquerado por alguma gatinha.Nunca tive problemas em sair com garotas,minha fama e meu corpo eram iscas eficazes na hora da azaração.Seria um disperdiçio se eu me tornasse uma bicha,aquilo decididamente não combinava comigo.Me troquei e esperei,geralmente eu que iria busca-la de carro em casa,mas Mônica me avisara que sairia com mãe e que na volta passaria aqui.As 17 horas em ponto a campanhia tocou.Era ela!Desci as escadas correndo me despedi da minha mãe e gritei avisando que não tinha hora pra chegar.
-Nossa que pressa,nem deu tempo de falar com a Dona Lúcia!Disse Monica um pouco assustada com aquela correria.
-É que eu tava morrendo de saudades não podia esperar.Falei dando-lhe um beijo apaixonado.
-Vamos pra onde?
-Pra um lugar especial!Respondi abrindo a porta do carro.
-Então vamos.Monica sorriu e me deu um beijo.
No caminho,ela não parava de falar de como foi maravilhoso as compras com a mãe,visitaram muitas lojas e saíram carregadas de bolsas e que por pouco não passava o salto que ela tanto queria devido ao limite já cheio do cartão de crédito.Enquanto dirigia pensava o que aconteceria se ela desconfiasse dos sentimentos que estavam surgindo em mim.Será que me apoiaria?Ficaria decepcionada?A segunda opção era mais provável.Ela gostava muito de mim e apesar de não ser minha namorada tínhamos um vinculo forte um com o outro.Uma bela amizade.Se ela descobrisse que eu estava me apaixonado por um cara ficaria péssima.
Mal entramos no quarto do motel e fui logo beijando seu pescoço e tirando sua roupa,ela excitada segurava firme nas minha costa enquanto eu ia tecendo selinhos em seus ombros e seios.Já tirara a blusa dela.
-Calma,vamos entrar primeiro.Ela falou em meio a gemidos.
Abrimos a porta pegando-a nos braço coloquei com cuidado na cama,tirei a camisa e voltei a beija-la,seu joelho pressionava meu pênis que ia endurecendo lentamente.Um perfume doce entrava nas minhas narinas,seu pescoço estava com um cheiro delicioso que me transportava para um outro lugar.Ficamos totalmente nus,ela apertava minha bunda e eu segurava seus seio firmes e macios,minha mente viajava,enquanto a beijava lembrava do sonho,dos lábios carnudos e da barba que arranhava um pouco no queixo,do suor que escorria vagarosamente na sua face.Meu membro ficou totalmente rígido,como nunca tinha estado antes,ela sentiu e soltou uma exclamação de tesão.Fizemos amor loucamente e pela primeira vez eu a-amei pensando em outra pessoa.
O chuveiro arrancava o silêncio,eu estava absorto em meus pensamentos enquanto fumava um cigarro na varanda.Me sentia culpado,tinha nojo de mim,como pude pensar num homem enquanto transava com ela?Não era justo comigo e nem com a Mônica,um corpo musculoso e peludo nunca seria igual a aquele corpo frágil e perfumado da minha garota.Monica saiu do banheiro, e me beijou o rosto.
-Foi incrível!O melhor de todos os nossos encontros.
-Eu adorei também.Respondi um pouco constrangido.Apaguei o cigarro e fomos jantar.O Jantar foi maravilhoso,pedimos uma lasanha de frango meu prato predileto e um vinho pra acompanhar.Falamos sobre a faculdade,nossos sonhos,nossos desejos,também falamos da vida dos outros,ela das meninas caretas da faculdade e eu sobre os micos que meus amigos pagavam.Com o ambiente descontraído,fiquei mais relaxado e nem lembrava mais do mal estar que antes me assolava,tinha sido só um momento,na hora do tesão meus pensamentos se confundiram e acabei misturando as coisas e aquela confusão não se repetiria mais.
Voltando pra casa,parei num posto para abastecer e comprar umas pastilhas de morango que a Monica tanto queria.Enquanto eu pagava o frentista pude ver um pouco na frente um gol branco com vidros fumês,a porta do motorista estava aberta e um rapaz loiro com uma camisa preta estava sentado com uma perna e um braço pra fora, na mão segurava um energético.Ele parecia um pouco agitado e falava com alguém no banco de carona,de repente a outra porta abriu e a pessoa que conversava com ele levantou,um rapaz de cabelo castanhos de mais ou menos 1,80 e de pele clara estava saíndo do carro,mas foi puxado de volta pelo Loiro.Eu conhecia aquele rapaz de algum lugar,conhecia bem,foi aí que me toquei que aquele garoto era o novato.Se não fosse,era muito parecido.Mas o que ele fazia ali?Entrei no carro um pouco perturbado e mais uma vez milhões de pensamentos me invadiram.O que ele estava fazendo com aquele estranho?E porque foi impedido de sair?Quem era aquele rapaz loiro?Tinha que ver de perto,liguei o carro,dei as pastilhas a Mõnica e fui devagar,ela não percebeu nada,estava falando com a mãe no celular.Cada vez que ficava mais perto meu coração sem motivo algum palpitava forte,eu estava nervoso sem saber porque.Lá estava o rapaz loiro,quando meu carro se aproximou ele me encarou,me olhou intensamente,fiquei vermelho com aqueles olhos azuis me encarando,quando finalmente iria ver quem estava ao lado dele, a porta fechou.
-Ricardoooooooo!!Gritou Monica.
Quase batia com o carro,se eu n tivesse freiado,seria uma acidente feio,estava tão distraído que fui entrando na pista sem olhar pra os lados.
-O que deu em você!Perguntou ela toda assustada.
- Nada, só me distrai.Depois que me recuperei do susto,sai do posto e pude ver pelo retrovisor o carro branco saindo na direção oposta.Se eu não entendi mal aquele loiro tinha me paquerado,um homem tinha me paquerado.Nunca percebi nada vindo de homens,talvez por que eu só tinha olhos para garotas,mas não havia engano eu acabara de ser paquerado por um cara e um cara bonitão que ninguém desconfiaria em hipótese alguma que era gay.E se o novato realmente estivesse lá com ele?Então meu inimigo também era gay?Mas não tinha certeza se era ele realmente lá dentro.E bem na hora a porta foi fechada.
Eram nove da noite quando cheguei em casa,deixei Mõnica em casa e até pensei em voltar ao posto pra ver se encontrava o carro,mas vi que era ridículo voltar lá.Meu pai estava cochilando no sofá com a tv ligada,entrei sem fazer barulho,subi as escadas e ele ainda estava dormindo.Encima estava tudo silencioso,provavelmente Rita ainda estava na rua pois a porta do quarto dela estava aberta e tudo escuro.Ouvi um barulho do quarto que ficava no fim do corredor,parei e ouvi mais atento ,uns sons que pareciam soluços viam de lá,chegando vi a porta um pouco aberta e minha mãe sentada na cama chorando com as mão sobre um travesseiro,nunca mais tinha visto essa cena, fazia muito tempo que mamãe não entrava naquele quarto.Comovido com aquela situação bati na porta,ela enxugou rapidamente os olhos com a manga da camisa e falou com a voz embargada:
-Pode entrar!Ahh é você meu filho?Não ouvi você chegar.Mônica veio com você?
-Não!Deixei ela em casa,amanhã tenho que ir a faculdade,iria ficar tarde se ela viesse pra cá.Respondi sem saber pra onde olhar.
-Ok.Vim matar a saudade do seu irmão.Ao falar isso ela voltou a chorar.Abracei-a e deixei que descarregasse em meus ombros toda aquela angústia.
-Hoje ele faria 25 anos.Mamãe disse em meios as lágrimas.Como pude esquecer?Pensei.Hoje era aniversário dele,nunca havia esquecido,todo o dia 04 de Junho era um dia de tristeza e lamentos.Mas pra mim era o dia em que lembrava o quanto ele era especial e importante na minha vida.Se ele estivesse vivo contaria tudo o que estava se passando comigo e com certeza ele entenderia e me apoiaria.Mas infelizmente não estava.Chorei junto com ela,aproveitei aquele momento para despejar as lágrima que estavam presas dentro de mim.Chorei com saudades dele,chorei por enganar Mônica,chorei por enganar a mim mesmo,chorei por odiar aquilo que crescia no meu coração.Chorei por não ter ninguém pra dividir aquele momento tão confuso da minha vida.Depois de algumas lágrimas,veio o silêncio e o a sensação de leveza,eu sabia que minha mãe sentia o mesmo,era como se meu irmão nos consolasse,eu sabia que de onde ele estivesse estaria cuidando de mim e me protegendo.Não só eu mas toda a família,éramos a vida dele e ele a nossa.Porém o destino resolveu leva-lo cedo e a saudade era tudo o que restava do meu querido irmão.
-Não dói como antes.Rompi o silêncio.
-Mas a falta que ele faz continua a mesma.Ela respondeu,tirando os braços do meus e olhando pra mim.Ela voltou a cama,arrumou o travesseiro me deu um beijo na testa e saiu.Fiquei olhando aquele quarto vazio,tudo estava como ele deixou,sempre foi cuidadoso com o quarto,sempre estava limpo e organizado.Na mesa,ainda estava o computador que meu irmão tanto gostava.Meu pai até pensou em vender,mas minha mãe não permitiu.Aquele computador era muito importante pra o Matheus e a lembrança mais viva dele.Fechei a porta e fui para o meu quarto.Não demorei muito a pegar no sono,o turbilhão de sentimentos me deixara exausto.Amanhã depois das aulas tinha treino de Judô e com certeza ele estaria lá,pra me deixar mais confuso e perdido.Mal sabia eu o que aquele dia me reservava.

terça-feira, 1 de junho de 2010

CAPITULO 1- Dúvidas

Eram cinco da madrugada e eu ainda rolava na cama sem conseguir dormir.Minha cabeça estava á mil,as dúvidas borbulhavam em minha mente e não se organizavam,perguntas e mais perguntas eu fazia a alguém que n existia.
-Não posso estar apaixonado por ele.Eu sou hetero.Gosto de mulher,amo transar com mulher.Ele é meu rival,como posso me apaixonar por um cara que eu odeio?
A cada segunda tudo parecia piorar,eu não estava acostumado com aquele sentimento,nunca tinha me apaixonado por mulher nenhuma,quem dirá por um homem.Mas algo nele me atraia,não era o corpo,não era o seu porte masculino,algo dentro dele exalava todas as vezes que ele falava,o seu jeito de tratar as pessoas e de se comportar me deixava impressionado ele era um homem que chamava atenção,mas eu não podia ser gay,não deveria.Sempre fui o garanhão da faculdade,tinha minha popularidade,além do mais eu era um atleta renomado,campeão de torneios estaduais e nacionais.Judô não é pra bichas é coisa de macho,de homem de verdade,como eu poderia ser gay?
Já havia semanas que não me alimentava direito,minha familia não parava de me perguntar o que havia comigo,depois que ele chegou tudo mudou e minha vida se tornou inferno.Se ele não tivesse surgido esses sentimentos não estariam me atormentado agora,além de querer tomar o meu lugar como melhor atleta quer me transformar em um bicha.Mas e agora?Se eu for gay como posso gostar de um hetero?Ele nem imaginava que seu maior "inimigo" está apaixonado.
Não sei o que fazer,mas preciso mudar isso,talvez se eu o vençer na competição ele se sinta rejeitado e procure outra faculdade.Assim tudo volta ao normal,esse sentimento deve ser só orgulho ferido,se eu fosse bicha com certeza seria afeminado e me vestiria como uma mulher.Tudo vai se resolver,basta ele mudar de colégio.Com esse pensamento fiquei mais tranquilo,na verdade eu precisava me convencer,precisava afastar pensamentos de dúvidas ter certeza que tudo iria mudar.Fui relaxando,e mais aliviado peguei no sono.
-Filho!Meu Filho acorda...são sete da manhã já tá na hora de ir.
-Não vou hoje mãe.
-Passou a madrugada acordado denovo não foi?
-Não mãe só não estou muito disposto.Abri os olhos e vi minha mãe saindo do quarto balançando a cabeça num gesto negativo,voltei a dormir.
Estava num grande tatame,no ginásio lotado todos olhavam pra mim,me aplaudiam e gritavam meu nome.Eu me sentia orgulhoso me exibia com uma medalha no peito.Meu oponente estava no chão,não conseguia ver seu rosto,ele se mexeu e começou a levantar,lentamente se erquia e quando ficou de pé vi seu rosto iluminado, ainda com as gotas de suor.Não podia ser,era ele:O meu rival!Aquele que eu odiava por amar.Mas agora não sentia mais nada,só orgulho por te-lo vencido,prazer por te-lo derrotado,por ter derrotado o sentimento que me tirava a paz.Tudo estava bem,ele olhou nos meus olhos e esticou o braço meu dando os parabéns,sorri agradecendo e dei-lhe um aperto de mão,ele sigurou firme me encarando,disfarçadamente tentava me livrar da mão dele,mas era forte e decidida ,eu já estava ficando aborrecido com aquele sujeito que não largava minha mão e em frações de segundos aquele braço me puxou pra perto do seu corpo e me deu um beijo.Pude ouvir as vozes de espantos do público,todos horrorizados com a cena,não acreditei que aquilo estava acontecendo,por mais que eu tentasse não conseguia me livra daquele beijo que trouxe todos os malditos sentimentos de volta.Numa atitude desesperada gritei...
-Aaaaaaahhhhhhhhhh!!!!!Tinha sido um pesadelo!Ufa!olhei pra o espelho e vi minha cara de espanto,o peito todo suado e ofegante,a cada respiração a sensação de alivio por aquilo tudo não ser real,mas ao mesmo tempo com uma sensação de saudade como se algo de bom tivesse acotecido.Eu gostara do beijo,por mais que tenha sido um sonho gostei de ter sentido os seus lábios nos meus.Balançei a cabeça e menti pra mim mesmo.
-Só foi um pesadelo e um horrivel pesadelo.Já passou...vai passar.
O sol já indicava o meio-dia!Começava pra mim um novo dia com novas surpresas e mais dúvidas e dúvidas.
 

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